EDUCAÇÃO: COMO TER UM RETORNO AS AULAS SEGURO
“Quanto mais tempo a gente demorar, eu tenho certeza que mais dificuldades nós teremos. A gente sabe também que a escola exerce um papel extremamente importante na vida das crianças e das suas famílias, e também é um grande agente de proteção das crianças e dos adolescentes”.
Um dos aspectos mais citados por defensores do retorno às escolas é o impacto psicológico gerado pelo longo tempo de isolamento social nas crianças. Uma pesquisa feita pelo NHS (serviço nacional de saúde inglês, apontou uma alta de 20%, em 2020, no número de jovens encaminhados para serviços de saúde mental na Inglaterra.
“As transformações no ambiente familiar e escolar, com afastamento de amigos, familiares e professores, falta de espaço em casa e, em alguns casos, perdas financeiras, aliadas à incerteza quanto ao fim da pandemia e o receio de infecção, podem causar hipervilância, estresse, estresse pós-traumático, catastrofização (pensar negativamente sobre o futuro) e depressão”, diz Luciely Pontes, psicóloga especialista em atendimento infanto-juvenil.
Diante de todas as mudanças nas rotinas das crianças provocadas pela pandemia, cabe a pais e educadores ter cuidado e trabalhar as incertezas. “Esse cenário familiar consiste no espaço seguro das crianças, onde aprendem a se autorregularem; a serem seguras, independentes, resilientes e compassivas.”
Como ter uma volta às aulas presenciais segura?
Confira as dicas para esse momento de retorno seja com mais segurança:
- Uso de máscara, já é uma prática exigida em todos os ambientes e na escola também deve ser;
Revezamento, ajuda diminuir o contato entre os estudantes e também no controle interno e limpeza dos ambientes; - Higienização, as escolas podem adotar aulas para ensinar os estudantes as diversas formas de higienização das mãos e dos ambientes durante esse momento de pandemia;
- Atenção aos momentos em que é necessário tirar a máscara, no almoço, nos lanches, para beber água, nessas horas, os estudantes podem abaixar a máscara. Mas é necessária atenção por parte da equipe da escola e também do próprio estudante, que deve ser instruído quanto aos protocolos e ao distanciamento;
- Materiais são de uso pessoal, nesse momento, o estudante precisa ser instruído para não emprestar ou a trocar materiais e lanche;
- Atenção aos ambientes, higienização, arejamento e distanciamento são essenciais;
- De olho nos grupos de risco, as escolas precisam ter atenção àqueles profissionais que não devem frequentar o ambiente escolar, por conta do risco maior de ficarem doentes. Para esses profissionais, deve ser dada a oportunidade de trabalho remoto;
- A educação não acontece só na escola, os pais precisam instruir seus filhos quantos a higienização das mãos, distanciamento, uso de máscara, uso individualizado do material, etc;
- De olho nos sintomas, ouvimos em todos os locais quais são os sintomas da Covid-19, mas é importante ficar de fato de olho, e aparecendo os primeiros sinais, já fazer a notificação e respeitar o isolamento.
OS DANOS APÓS QUASE UM ANO FORA DA ESCOLA
As aulas remotas são um desafio para crianças, que tendem a ter dificuldade de concentração e absorção do conteúdo. Um dos pontos que especialistas levam em conta para o retorno das aulas presenciais é o prejuízo educacional gerado pelo afastamento da escola em 2020.
Para Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais da ONG Todos Pela Educação, os prejuízos tendem a se agravar com o tempo. “Quanto mais demorar para o país viabilizar o retorno seguro às aulas, maiores serão os problemas”, diz.
Ele explica que estes são os quatro principais danos causados pelo ano fora na escola:
- Lacunas de aprendizagem que surgem com o fechamento tão prolongado;
- A ampliação das desigualdades educacionais, em que os alunos mais vulneráveis são os mais afetados;
- O aumento da evasão escolar;
- Os impactos na saúde emocional em alunos e profissionais de educação.
“Além deles, precisamos levar em conta que as escolas têm um papel importante de proteção social. O não retorno às instituições de ensino aumenta fatores como a violência doméstica, o trabalho infantil, a gravidez na adolescência, a insegurança alimentar (para algumas famílias carentes, a merenda escolar é essencial para as crianças não passarem fome), entre outros. Por isso, é muito importante fazermos de tudo para o retorno presencial gradual”, diz.