MACAÚBAS – BA: FALECE ISAÍAS FRANCISCO DE SOUSA (ZAIA PEDREIRO) PROFESSOR DE VIDA

Tou muito triste… 😔

Seu Zaia para mim é um parente muito próximo, não perco oportunidade pra declarar a minha grande e verdadeira estima por aquele cidadão do bem que dispensou à minha pessoa a maior consideração e confiança.

DEUS dará a ele no CÉU a recompensa pelo bem prestado aqui na terra.

Neste dia em que choramos essa imensurável dor, o que nós consola é a certeza do reencontro.

Sr. Zaia não merecia ficar num leito sofrendo com dor e mal-estar; ele merece repouso eterno com a luz perpétua o iluminando.

A saudade por esse EXEMPLAR CHEFE DE FAMÍLIA, ÍMPAR AMIGO permanecerá para sempre na nossa alma e as lágrimas serão trocadas pelas boas lembranças deixadas pelo nosso alegre convívio.

Sou uma pessoa de boa sorte porque, “SEU ZAIA” e LIA deixaram, em vida, para mim uma rica herança:

SINCERA E FIEL AMIZADE DOS FILHOS E TODOS FAMILIARES, sem exceção alguma.

AMIGOS PARA SEMPRE!

ESTE EXEMPLO DE VIDA NÃO É PROFESSOR.

Isaias Francisco de Souza (Zaia), nasceu no povoado Olho D’Ågua Do Buriti, município de Macaúbas- BA. Aos 21 de idade, casou- se com Lia (16 anos). Tiveram dezesseis (16) filhos; com muito trabalho e, com ajuda de Deus, criaram dez (10). Mudaram pra cidade, com o objetivo dos filhos estudarem, reconhecendo o valor do “saber”. Católicos praticantes, com a intenção de homenagear os “Santos”, colocaram o nome de Francisco nos filhos do sexo masculino e Maria nas filhas.

No dia 12 de dezembro/2016, Zaia saiu da cama mais cedo do que os outros dias; como de costume, fez o café, quebrou o jejum e, apressadamente saiu de casa carregando nos ombros a enxada e outros instrumentos usados na lida do lavrador. Por acaso, ali mesmo encontrei “Seu Zaia” e, como esse homem merece toda a minha estima, tive a audácia de interromper a sua caminhada, puxando uma prosa, depois de um aperto de mão.

– Amigo, vejo que tá indo cuidar da lavoura; a chuva deixa o senhor animado.

– É verdade! Comecei esse serviço de roça, ainda criança e, com a idade de 86 (oitenta e seis) anos, continuo trabalhando porque, quando o salário mínimo era menor dava pra comprar muitas coisas, com a inflação não dá para adquirir tudo que eu comprava antes; preciso comprar principalmente os remédios que o médico me aconselha não deixar faltar.

Devo ter feito uma cara de piedade porque, ele me disse:

– Olhe, me escuta: o seu trabalho é muito mais pesado do que o serviço de roça; a gente cansa os braços mas, a cabeça não. Bem sei a dificuldade dos pais pra educar os filhos em casa e, imagino o sofrimento do professor (a) com uma turma de alunos, cada um com a natureza diferente do outro, rebeldes, e uns até violentos; também, quando vou pra casa, deixo o trabalho na roça e, vejo professor (a) levando cadernos e pacotes de provas pra corrigir em casa, ainda, recebe desaforos dos pais e, nos dias de hoje, enfrenta violência de toda espécie, sou um homem sem estudo, mas, se eu pudesse dar uma opinião aos homens que fazem as Leis, duas coisas eu falava: que o salário do professor deve ser bem alto e que, ele deve trabalhar menos tempo do que as pessoas com outra profissão.

Despedindo, abracei “Seu Zaia” e, andando, com passos lentos, pensava nas palavras daquele homem simples, semi analfabeto que, sabe dar lição aos donos da Lei.

“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”. ( Aristóteles)