PARAMIRIM: FOTÓGRAFO DA NATUREZA MOSTRA SUA INDIGNAÇÃO COM A FALTA DE EDUCAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

Temos acompanhado já há algum tempo as belas fotos publicadas nas redes sociais pelo fantástico fotógrafo da natureza Marcos Domicio, são lindas fotos tiradas principalmente no município de Paramirim no Estado da Bahia, mas, na última semana fomos surpreendidos com fotos de sujeiras, imagens feias, as fotos não são feias, feio são as imagens que foram captadas pela máquina fotográfica desse fantástico fotógrafo.

Essas fotos mostram como fica o balneário de Paramirim após a passagem de pessoas que não tem educação e não que não respeitam a natureza.

Gostamos do artigo e das fotos e resolvemos publicá-los; que beleza de artigo. Simples e objetivo com a clara intenção de educar e conscientizar a população do mundo em que vivemos. Nada nos pertence e não deve ser destruído de forma alguma por interesse de alguns.

Parabéns Marcos pelo texto tão bem elaborado.

Foto da Internet

Foto: Marcos Domicio

Segue o texto publicado por Marcos Domicio em seu Facebook.

Hoje quero compartilhar com vocês um pensamento crítico, é algo que tem me incomodado por alguns anos.

O Balneário Rio Paramirim é o cartão postal da cidade de Paramirim, nós paramirinhenses temos orgulho dessa dádiva em nossa terra, que serve tanto de recanto como de sobrevivência. Os turistas que o visitam, sempre voltam para suas casas com uma boa lembrança dessa beleza espetacular, e com uma certeza de que um dia retornarão.

Mas nem tudo que envolve o Balneário são flores, existem alguns estigmas que vem se agravando e incomodando! No dia 12 de outubro, feriado do Dia das Crianças, após o horário de almoço, resolvi dar uma passadinha pelo balneário. Quando lá cheguei, a minha a impressão é que era dia de Carnaval, data onde o mesmo recebe o maior número de visitas. O cenário que ali se via, era de centenas de veículos dede o corredor do rio até as proximidades da Vila Nova. Já no entorno do rio, parecia um formigueiro, cada pedacinho chão estava ocupado por pessoas, sendo uma parte delas turistas. O clima que se via era de alegria, paz e satisfação, uns aproveitavam os aconchegos das árvores, enquanto outros se banhavam nas águas refrescantes, já que o calor se fazia presente. Voltando para a casa fiquei a pensar em tudo que eu vi, refletindo sobre a pandemia, e no tempo que passamos confinados. A minha impressão é que o Balneário se tornou uma espécie de santuário, onde as pessoas encontram maneiras diferentes de restabelecer suas alegrias e esperança.

Foto da Internet

Foto: Marcos Domicio

Após atravessar dois meses de um intenso calor, finalmente a chuva chegou de mansinho trazendo alivio e contentamento. No dia seguinte, como é de costume, sair bem cedinho para fazer fotos da primeira chuva dos umbus. Primeiro dei uma volta pela Lagoa Paramirim, e por fim, fui até o Balneário.

Não pude acreditar no que meus olhos estavam vendo, haviam lixo espalhado por toda parte. Principalmente nas suas margens. Copos, garrafas, embalagens, sacos plásticos, restos de comida, etc. É como se um furacão tivesse passado por ali. Todo esse caos me fez recordar do meu tempo de criança, onde sofri um acidente por conta da presença de cacos de vidro nas águas do balneário. Fiquei pensando o quanto daquele lixo foi empurrado para dentro do rio, já que havia chovido suficiente para correr água. Chocado, e com uma tristeza profunda, sair dali perplexo sobre o porquê daquilo tudo.

As questões ambientais sempre estão relacionadas com a minha vida e meu trabalho. A minha fotografia gira em tona da Natureza, é impossível fugir de certas realidades e fazer vista grossa, principiante quando elas começam a me sufocar.

Alguns anos atrás a palavra água virou grito de guerra em minha cidade, de um lado a população, do outro o governo do estado. A velha briga por partilha de água. Mas será que temos respaldo suficiente para defender nossas águas? Vejamos alguns pontos do que acontece com parte da água de Paramirim:

Fotos: Marcos Domicio

1 – Temos uma lagoa no centro da cidade que foi um dos principais pilares da sobrevivência da população no desenvolvimento da cidade, e há anos está comprometida pelo esgoto sanitário. E a ignorância não para por aí, na lagoa não existe placa de sinalização sobre a sua rela situação de perigo, e alguns pescadores ainda insistem pescar (só lembrando, que uma das principais teoria da origem do vírus do Covid-19, está relacionada ao consumo de certos animais contaminados).

2 – A zona rural tem um papel importante na sobrevivência da população da cidade, e esta por sinal, está enfrentado graves problemas com relação à água, não se sabe calcular quantas minas de água já secaram, quantos rios morreram, porque a situação chegou a tal extremo, que a única forma do camponês continuar sobrevivendo, é abrir poços artesianos. Isso vem crescendo de uma forma tão descontrolada, que existem comunidades onde não existem mais manacás de água, os lençóis freáticos foram comprometidos, e isso afeta diretamente a vegetação e a sobrevivência dos animais.

3 – Na Vila Nova é onde fica o abastecimento dos carros-pipas. Passe um tempo lá e veja como é fluxo de transporte de água. Muitas comunidades precisam de abastecimento, e nem toda água que sai é para este fim, se isso não estiver no absoluto controle, então faz parte do problema.

4 – Com relação às lavouras nas proximidades da cidade, existem denúncias sobre agricultores que utilizam a água forma extravagante.

Escrevi esse texto não para acusar alguém, seu único proposito e abrir espaço para que certas questões recebam as devidas atenções. E que nossa visão possa ser aprimorada sobre a nossa educação com relação ao meio ambiente.

Obrigado pela sua atenção!

Marcos Domicio

Fotógrafo da Natureza (Paramirim)

OBS: Resaltamos que essa publicação se refere as pessoas que estão sujando o balneário, destruíndo a natureza, não a todos os frequentadores, a maioria respeitam, cuidam e preservam o balneário e o meio ambiente.