CONHEÇA AS PIORES EPIDEMIAS DA HISTÓRIA
Grandes epidemias e doenças sempre marcaram a história
humana. Subitamente, diferentes sociedades, ao longo do tempo, foram colocadas
sob situação de pânico e estresse quando uma doença desconhecida (ou até mesmo
conhecida, mas que não havia cura) manifestou-se e levou milhares à morte.
Nesses momentos, as pessoas agarram-se a todas as chances de
sobrevivência. Os relatos, em diferentes circunstâncias, contam sobre pessoas
que fugiram para sobreviver, enquanto outras apelavam à religião, por exemplo.
Estudar as doenças que surgiram ao longo do tempo também faz parte da história,
e, neste texto, veremos alguns exemplos de grandes epidemias e pandemias que
devastaram partes do planeta.
PRAGA DE ATENAS
Atenas era uma das grandes cidades da Civilização
Grega, o berço da democracia e
o lugar que abrigava diversos filósofos. No verão de 430 a.C., ela foi
abalada pelo surgimento de uma doença misteriosa e desconhecida. Essa doença
espalhou-se pelo território em um surto epidêmico e ficou conhecida como Praga de Atenas.
A Praga de Atenas iniciou-se durante o período em que a
cidade travava a Guerra
do Peloponeso, conflito contra Esparta pela supremacia na Grécia. Os
estudiosos do assunto acreditam que a grande movimentação de pessoas e a
aglomeração por conta do conflito contribuíram para que a doença chegasse e se
alastrasse pelo local.
A doença manifestou-se, primeiro, na zona portuária de
Atenas e, depois, espalhou-se pelo restante da cidade, segundo relato de Tucídides,
autor mais importante sobre essa praga. A doença atuou em Atenas entre 430-429
a.C., perdeu força em 428 a.C. e recuperou-se a partir do ano seguinte, isto é,
427 a.C.
Existem inúmeras teorias a respeito de qual doença teria
afetado a cidade grega, e estudiosos apontam como possibilidades a varíola,
o sarampo,
o tifo e
até a peste bubônica. Estudos recentes conduzidos com ossadas encontradas em
uma vala comum sugerem que a Praga de Atenas, provavelmente, era febre tifoide e
que ela pode ter sido responsável pela morte de até 35% da população local.
PESTE ANTONINA
A Peste Antonina foi um surto de varíola que se
espalhou pelo Império
Romano a partir de 165. Esse surto iniciou-se nas tropas romanas
que estavam baseadas na Pártia, uma região da Mesopotâmia. Tais tropas estavam
instaladas lá por conta do longo histórico de guerra dos romanos contra os
partas.
A grande maioria dos estudiosos classifica a Peste Antonina
como uma pandemia por conta da sua difusão em diferentes continentes.
Iniciada em 165, o surto de varíola chegou à cidade de Roma em 166, fazendo
milhares de vítimas na capital do Império Romano. No período final dessa praga,
a cidade registrava duas mil mortes todos os dias.
Fala-se de um surto de varíola porque importantes registros
dos doentes foram realizados por Galeno, um médico grego. Todos os
sintomas e a descrição feita por ele batem com os de varíola. O impacto da
Peste Antonina sobre o Império Romano foi severo e estima-se que, durante os
surtos de varíola — que aconteceram até o final do século II —, cinco
milhões de pessoas possam ter morrido, o que corresponde a 10% da população que
havia no império.
PESTE NEGRA
Durante a Idade
Média, também aconteceram epidemias e pandemias, e a Peste Negra é um dos
casos mais conhecidos. Essa pandemia aconteceu em um surto que se estendeu de
1347 a 1353 e resultou na morte de até 50 milhões de pessoas. O termo
Peste Negra foi dado para um surto de peste bubônica que se
iniciou na Ásia Central e espalhou-se pela Europa e África.
Considera-se que a doença foi levada à Europa por navegantes
e comerciantes genoveses que fugiam da Crimeia. Isso aconteceu porque a cidade
de Caffa, uma colônia genovesa, estava em guerra com o Canato da Horda
Dourada. Cercada, a cidade foi atacada com cadáveres infectados de
peste bubônica.
Quando a doença alastrou-se por Caffa, os genoveses fugiram
e levaram-na consigo para locais como Constantinopla, Marselha e Gênova. Por
esses focos, toda a Europa foi infectada pela peste bubônica, uma doença
causada pela bactéria Yersinia pestis, encontrada em ratos. A doença
é transmitida para os humanos por meio das pulgas presentes nesses
animais.
Quando um ser humano é contaminado, a peste por ser
transmitida por via respiratória, e, por isso, ela se disseminou
tanto pela Europa. Cidades foram esvaziadas, e alguns governos locais deixaram
de existir devido à grande quantidade de mortos. A doença recebeu esse nome por
causa dos bubões que surgiam no corpo dos doentes.
Os surtos de peste bubônica seguiram-se ao longo do século
XIV e percorreram o continente europeu até a Praga de Marselha, em 1720.
No caso da Peste Negra, entre 1347 e 1353, fala-se que a quantidade de mortos
pode ter chegado a 50 milhões, fazendo com que entre metade e 2/3 da população
europeia tenha morrido. Para saber mais sobre essa pandemia devastadora,
leia: Peste
Negra.
GRIPE ESPANHOLA
A Gripe Espanhola foi uma pandemia que aconteceu,
por conta de uma mutação do vírus Influenza, entre 1918 e 1919. Os
historiadores não sabem o local exato do surgimento dessa doença, e as
principais teorias falam que ela surgiu na China ou nos Estados Unidos.
Independentemente disso, sabemos que os primeiros casos registraram-se nos
Estados Unidos.
A primeira pessoa contaminada com a Gripe Espanhola de que
se tem conhecimento foi Albert Gitchell, um soldado que estava
em Fort Riley, uma instalação militar localizada em Kansas. Depois
que ele adoeceu, milhares de outros casos foram registrados nesse local. Com
base nos Estados Unidos, a doença ganhou o mundo.
A disseminação da Gripe Espanhola tem relação com
a Primeira
Guerra Mundial, pois o conflito facilitou que o vírus se espalhasse pelo
mundo pela grande quantidade de soldados deslocados em diferentes lugares. A
doença chegou à Europa e teve impacto na frente de guerra, mas os países
que participavam do conflito ocultaram o impacto da doença para não
interferir no moral dos combatentes.
A doença recebeu esse nome porque o primeiro país a
noticiá-la foi a Espanha, pois, como ela não estava na guerra, sua
imprensa era livre para dar as notícias. Assim, o mundo ficou sabendo da doença
pela imprensa espanhola.
A gripe espanhola chegou ao Brasil em setembro de 1918 e
afetou todas as regiões de nosso país. As duas cidades mais afetadas foram São
Paulo e Rio de Janeiro, as maiores da nação. As autoridades tomaram medidas de
prevenção e de combate à disseminação da doença baseadas no isolamento social,
com fechamento de escolhas, comércios etc.
Aqui no Brasil o número de mortos confirmados pela gripe
espanhola foi de 35 mil pessoas, e os Estados Unidos, um dos prováveis locais
de surgimento da doença, registraram cerca de 675 mil mortos. Ao todo,
morreram, pelo menos, 50 milhões de pessoas no mundo, das quais, cerca de
20 milhões estavam na Índia.
AIDS
A aids é considerada uma pandemia, e, desde sua descoberta,
estima-se que mais de 30 milhões de pessoas tenham morrido.
A partir de 1981, começaram a registrar-se nos Estados
Unidos um aumento significativo de pessoas que morreram por doenças
consideradas raras. Além disso, os casos de mortes por pneumonia e
câncer em homens tidos como saudáveis também aumentaram. O acompanhamento
médico feito desses casos demonstrou que o sistema imunológico dos
pacientes havia entrado em colapso.
As razões para isso eram desconhecidas, e à medida que o
tempo passava, os casos aumentavam. Em 1982, eles começaram a ser enquadrados
como Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, ou aids, na sigla em
inglês (Acqured Immune Deficiency Syndrome). No ano seguinte, os cientistas
descobriram que a doença era causada por um vírus chamado vírus da
imunodeficiência humana, ou HIV, na sigla em inglês (Human Immunodefiency
Virus).
Com o tempo, descobriu-se que a doença era causada pela
troca de fluídos, principalmente sangue e sêmen. Assim, soube-se
que a aids é uma doença que pode ser transmitida pela relação sexual, pelo uso
de agulhas compartilhadas, por transfusão de sangue, e existe a possibilidade
de que a transmissão ocorra durante a gravidez, ou seja, passando de mãe para
filho.
A aids foi considerada uma pandemia por conta da
escala de sua propagação, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo. Só na
década de 1980, foram identificados nesse país cerca de 160 mil casos, entre
1981 e 1990, e, só em 1995, cerca de 50 mil pessoas morreram lá por conta dela.
Até o final de 2018, quase 75 milhões de pessoas haviam sido contaminadas com
aids, e cerca de 32 milhões faleceram vítimas dessa doença em todo o
planeta.
O primeiro caso de aids no Brasil foi registrado
em São Paulo, em 1982, e, até então, 900 mil brasileiros foram
infectados. Acredita-se que a aids tenha surgido na África e
espalhando-se pelo mundo a partir da década de 1970, principalmente por meio da
transfusão sanguínea. Atualmente existe um tratamento que controla a
quantidade de vírus no corpo do paciente.
Algumas das mais conhecidas vítimas da aids foram o cantor
Freddie Mercury, vocalista da banda Queen, e Michel Foucault, um filósofo
francês. Aqui no Brasil, Cazuza e Renato Russo são dois casos de famosos que
faleceram em consequência da doença. Caso queira saber sobre a atualidade dessa
doença.
COVID-19 / CORONAVÍRUS
Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan,
província de Hubei, na República Popular da China. Tratava-se de uma nova cepa
(tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos.
Uma semana depois, em 7 de janeiro de 2020, as autoridades
chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Os
coronavírus estão por toda parte. Eles são a segunda principal causa de
resfriado comum (após rinovírus) e, até as últimas décadas, raramente causavam
doenças mais graves em humanos do que o resfriado comum.
Ao todo, sete coronavírus humanos (HCoVs) já foram
identificados: HCoV-229E, HCoV-OC43, HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causa
síndrome respiratória aguda grave), MERS-COV (que causa síndrome respiratória
do Oriente Médio) e o, mais recente, novo coronavírus (que no início foi
temporariamente nomeado 2019-nCoV e, em 11 de fevereiro de 2020, recebeu o nome de SARS-CoV-2).
Esse novo coronavírus é responsável por causar a doença COVID-19.
A OMS tem trabalhado com autoridades chinesas e
especialistas globais desde o dia em que foi informada, para aprender mais
sobre o vírus, como ele afeta as pessoas que estão doentes, como podem ser
tratadas e o que os países podem fazer para responder.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem prestado
apoio técnico aos países das Américas e recomendado manter o sistema de
vigilância alerta, preparado para detectar, isolar e cuidar precocemente de
pacientes infectados com o novo coronavírus.
Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo coronavírus constitui
uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) – o mais
alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário
Internacional. Essa decisão buscou aprimorar a coordenação, a cooperação e a
solidariedade global para interromper a propagação do vírus.. Essa decisão
aprimora a coordenação, a cooperação e a solidariedade global para interromper
a propagação do vírus.
A ESPII é considerada, nos termos do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), “um evento
extraordinário que pode constituir um risco de saúde pública para outros países
devido a disseminação internacional de doenças; e potencialmente requer uma
resposta internacional coordenada e imediata”.
É a sexta vez na história que uma Emergência de Saúde
Pública de Importância Internacional é declarada. As outras foram:
25 de abril de 2009 – pandemia de H1N1
5 de maio de 2014 – disseminação internacional de poliovírus
8 agosto de 2014 – surto de Ebola na África Ocidental
1 de fevereiro de 2016 – vírus zika e aumento de casos de
microcefalia e outras malformações congênitas
18 maio de 2018 – surto de ebola na República Democrática do
Congo
A responsabilidade de se determinar se um evento constitui
uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional cabe ao
diretor-geral da OMS e requer a convocação de um comitê de especialistas –
chamado de Comitê de Emergências do RSI.
Esse comitê dá um parecer ao diretor-geral sobre as medidas
recomendadas a serem promulgadas em caráter emergencial. Essas Recomendações
Temporárias incluem medidas de saúde a serem implementadas pelo Estado Parte
onde ocorre a ESPII – ou por outros Estados Partes conforme a situação – para
prevenir ou reduzir a propagação mundial de doenças e evitar interferências
desnecessárias no comércio e tráfego internacional.
Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. O termo
“pandemia” se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua
gravidade. A designação reconhece que, no momento, existem surtos de COVID-19
em vários países e regiões do mundo.
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