FACEBOOK DECIDE NÃO CUMPRIR DETERMINAÇÃO DO STF
O Facebook decidiu que não cumprirá a determinação de
Alexandre de Moraes desta quinta-feira (30) e não tirará do ar
internacionalmente os perfis de bolsonaristas que são alvos do inquérito das
fake news no momento. A empresa recorrerá ao plenário do STF e, enquanto isso,
manterá as contas no ar fora do Brasil.
"Respeitamos as leis dos países em que atuamos. Estamos
recorrendo ao STF contra a decisão de bloqueio global de contas, considerando
que a lei brasileira reconhece limites à sua jurisdição e a legitimidade de
outras jurisdições", diz nota da assessoria de imprensa do Facebook.
A reportagem apurou que a empresa acredita que o bloqueio de
perfis internacionalmente a partir de uma instância de jurisdição local como o
STF poderia criar um precedente danoso ao funcionamento da plataforma.
Caso juízes em diversos países do mundo decidissem ordenar a
suspensão de conteúdos globalmente devido a contextos locais, o Facebook teria
seu espaço de atuação bastante limitado, avaliam. O Facebook suspendeu os
perfis no Brasil desde sexta-feira (24).
Com a decisão, o Facebook adota estratégia diversa do
Twitter, que tirou do ar os perfis no mundo todo. O Twitter também afirmou que
recorrerá da determinação de Moraes.
Figuras como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), Sara
Giromini (conhecida como Sara Winter), o blogueiro Allan dos Santos e os
empresários Luciano Hang (da Havan) e Edgard Corona (das academias Smart Fit),
alvos de investigação no âmbito do inquérito das fake news, tiveram suas contas
suspensas no Twitter.
O inquérito das fake news investiga ameaças e disseminação
de notícias falsas contra integrantes do STF nas redes sociais e representa um
dos principais pontos de tensão entre o Palácio do Planalto e a corte.
Moraes pediu a suspensão dos perfis internacionalmente após
constatar que o bloqueio que solicitou na sexta-feira (24) teve impacto
reduzido. Após mudarem suas configurações de localização, os perfis
bolsonaristas voltaram a publicar e, inclusive, a xingar o próprio ministro.
"As redes sociais Twitter e Facebook continuam
permitindo que os perfis sejam acessados através de endereços IP de fora do
Brasil, ou seja, permitindo que sejam acessados normalmente a partir de outros
países. Isto possibilita que usuários do Brasil utilizem serviços de roteamento
de conexão, como VPNs, contornando este tipo de bloqueio e acessando os perfis
em território nacional, como se estivessem em outros países", diz laudo
citado por Moraes em sua decisão.
"Portanto, para atender corretamente a ordem judicial,
as redes sociais Twitter e Facebook deveriam bloquear o acesso aos perfis
através de qualquer endereço IP", completa.
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