COVID-19: EFEITOS NO CORPO PODEM DURAR ATÉ TRÊS MESES, MOSTRA ESTUDO DE OXFORD
Estudo desenvolvido por especialistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostra que problemas provocados após infecção pelo vírus Sars-CoV-2 podem persistir por pelo menos três meses após a alta hospitalar do paciente
Os efeitos provocados pela covid-19 no organismo humano podem se estender por, pelo menos, três meses após a infecção, segundo mostra um estudo britânico. Os pesquisadores acompanharam um grupo de mais de 50 pacientes depois de eles terem recebido alta hospitalar e observaram que a maioria do grupo apresentou problemas como falta de ar, fadiga, ansiedade e depressão, além de anormalidades em órgãos, como pulmões e rins.
Os especialistas acreditam que uma inflamação persistente pode ser a explicação para esse quadro clínico. Os dados foram apresentados em um estudo publicado no repositório on-line de pesquisas científicas Medrxiv, e ainda não foram submetidos à revisão.
ALTERAÇÕES
Os pesquisadores observaram que dois a três meses após o início da doença, 64% dos pacientes experimentaram falta de ar persistente e 55% reclamaram de fadiga significativa. Na ressonância magnética, anormalidades de tecidos foram observadas nos pulmões de 60% dos pacientes com covid-19; nos rins, em 29%, nos corações, em 26%; e nos fígados, em 10%. “Anormalidades de órgãos foram registradas mesmo em pacientes que não estavam gravemente enfermos ao serem admitidos no hospital”, destacou Betty Raman, líder do estudo e pesquisadora da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em um comunicado emitido pela instituição de ensino.
TRATAMENTO
Para os autores do estudo, os dados mostram o poder da covid-19 em
diferentes aspectos e precisam ser considerados para aprimorar o tratamento da
enfermidade. “Essas descobertas ressaltam a necessidade de explorar ainda mais
os processos fisiológicos associados à covid-19 e de desenvolver um modelo
holístico e integrado de atendimento clínico para nossos pacientes após terem
recebido alta do hospital”, enfatizou Betty Raman.
Para Ekaterini Simões Goudouris, imunologista e diretora da Associação
Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), a mensagem principal do estudo é a
de que a covid-19 representa um problema de saúde complexo, com muitas
complicações que podem permanecer por um longo período, o que exige um cuidado
ainda maior da população. “Vemos o quanto os problemas produzidos por essa
infecção podem se arrastar. E isso reforça o que temos dito frequentemente, que
não é só ter respirador para atender o paciente. Os efeitos provocados pelo
novo coronavírus são muito amplos e podem perdurar, como ocorre em outras
enfermidades graves. O recado mais importante dessa pesquisa é evitar sofrer
com essa doença”, disse a especialista brasileira.
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