EFEITO RÉVEILLON COMEÇOU, BRASIL BATE RECORDE DE OCUPAÇÃO DE UTIs PARA COVID-19 E PAÍS PODE ENTRAR EM LOCKDOWN
Para o pesquisador, o lockdown "é uma medida ruim que
ninguém quer tomar" mas que diante do cenário atual "é a única
possível". O Brasil registrou ontem 1.379 novos óbitos pela doença, maior
marca desde 4 de agosto. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que
representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás.
"Outras medidas não gerarão efeito suficiente no tempo que temos até a vacina ser implementada. Não estamos na mesma situação de março, em que se falava em lockdown e não tinha perspectiva de quanto tempo iria demorar. Agora (com as vacinas) temos um horizonte muito mais próximo. É uma medida de curto prazo, que não faz o vírus desaparecer, mas reduz o número de casos para que outras sejam implementadas e tenham efeito a longo prazo", explicou.
Na avaliação de Ricardo Schnekenberg, o início da vacinação pode estar perto,
mas os efeitos da aplicação em massa podem demorar. Nesta semana, o ministro da
Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a imunização no Brasil começará, "na
melhor hipótese", em 20 de janeiro.
As vacinas Corona Vac, fabricada pelo Instituto Butantan em parceria com a
Sinovac, e a da AstraZeneca/Oxford, em parceria com a Fiocruz, tiveram os
pedidos para uso emergencial protocolados ontem na Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária). A previsão de análise é de até 10 dias.
"A vacina está perto, mas não tanto assim. Mesmo que começasse a ser aplicada hoje e tivesse doses suficientes para todos, não se esperaria um efeito significativo na queda do número de mortes por pelo menos 90 dias. E as vacinas só funcionam para as pessoas que sobreviverem e chegarem até lá. A restrição auxiliaria a redução drástica no número de casos e mortes, desafogaria os hospitais e auxiliaria o poder público no processo de administração da vacina", disse o pesquisador.
Para o pesquisador, o ideal era ter um plano nacional para
coordenar o tema. "Restrições a nível municipal e estadual tendem a
falhar, porque os municípios e estados não têm caixa suficiente para bancar
esses suportes. Ainda mais para fazer restrição por um tempo suficiente para
ter efeito, o que não se consegue com duas semanas", disse, enumerando
outras limitações.
"Há trânsito de pessoas nas regiões, cria-se discussão política nas regiões vizinhas, reduz a adesão da população porque parece injusto que uma pessoa que mora em um local tenha que fechar, e outra não. Diferentes estados e cidades têm diferentes capacidades financeiras e acabam não sustentando as pessoas como deveria ser feito. Um suporte financeiro como estou falando custa muito caro. Para ser feito, decisões a nível federal precisam ser realizadas."





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