SUPERSALÁRIOS: 125 JUÍZES GANHARAM MAIS DE R$ 500 MIL EM UM ÚNICO MÊS
Contracheque de juízes foi turbinado após decisões que ressuscitaram penduricalho e mandaram pagar retroativos de 18 anos.
São Paulo – Turbinados pelo pagamento, em efeito
cascata, de um penduricalho extinto há mais de 18 anos, tribunais de Justiça
pagaram mais de R$ 500 mil a 125 juízes em um único mês. Esse é o valor dos
rendimentos líquidos dos magistrados, que correspondem à soma de seus subsídios
mensais de indenizações e penduricalhos, como auxílios e gratificações.
Os dados são de um levantamento do Metrópolescom base
em planilhas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
no período de 12 meses, entre novembro de 2023 e outubro deste ano.
Da lista dos magistrados que faturaram mais de R$ 500 mil em
um único mês, fazem parte 114 juízes do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO).
A Corte pagou valores de até R$ 1,2 milhão líquido a magistrados no mês de
fevereiro de 2024. À época, justificou que os valores são correspondentes ao
pagamento do adicional por tempo de serviço (ATS), mais conhecido como
quinquênio.
Extinto em 2006, o quinquênio garantia aumentos automáticos
de 5% nos salários de juízes a cada cinco anos. Foi ressuscitado para juízes
federais por uma decisão do Conselho da Justiça Federal (CJF), órgão
administrativo ligado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e composto, em parte, por
juízes federais, a pedido da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).
Após a decisão, em efeito cascata, tribunais de outros
ramos, principalmente da Justiça Estadual, passaram a conceder, em decisões
administrativas de seus Órgãos Especiais, o mesmo direito aos seus magistrados,
que envolve o pagamento de todos os atrasados desde 2006.
A lista dos juízes que receberam mais de R$ 500 mil em um
mesmo mês tem ainda oito juízes do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), um do
Piauí (TJPI) e uma do Rio de Janeiro (TJRJ).
Os dados são reunidos pelo CNJ, com base em informações
enviadas pelos próprios tribunais, desde 2017. Como mostrou o Metrópoles,
somados, todos os ramos da Justiça pagaram R$ 12 bilhões líquidos a juízes e
desembargadores a título de indenizações, direitos eventuais e pessoais, entre
novembro de 2023 e outubro deste ano.
Essa cifra corresponde à soma dos auxílios, gratificações e
bônus concedidos aos magistrados em razão de decisões judiciais ou de conselhos
administrativos.
A maior parte das indenizações e dos penduricalhos, como
auxílios e gratificações, foi repassada a juízes estaduais, que são a maioria
da magistratura. Esse montante chegou a R$ 9,3 bilhões. Outros ramos do
Judiciário, como cortes superiores e as justiças Eleitoral, Trabalhista,
Militar e Federal receberam os R$ 2,7 bilhões restantes.
Esses são os valores que usualmente inflam as remunerações
de magistrados para além do teto constitucional, correspondente aos subsídios
recebidos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que hoje são de R$
44 mil. A lista de magistrados do CNJ chega a 17,4 mil juízes.
O CNJ afirma ao Metrópoles que a “Corregedoria
Nacional de Justiça é responsável por acompanhar, apurar e determinar a
suspensão de casos irregulares de pagamento a magistrados e servidores do
Judiciário”. “Ou seja, os salários são fixados por cada tribunal e o CNJ exerce
um controle posterior e examina eventual ilegalidade”, diz.
Procurados, os tribunais de Rondônia, Pará, Piauí e Rio de
Janeiro não se manifestaram até a publicação desta reportagem. O espaço segue
aberto.
FONTE: Metrópoles
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