Macaúbas - Bahia: História, Cultura, Economia e Infraestrutura
Macaúbas é um município localizado no centro-sul do estado na região da Bacia do Paramirim, Bahia, Brasil. A cidade é rica em história, cultura e tem se destacado ao longo dos anos pelo desenvolvimento social, econômico e político.
Conhecida por sua gente acolhedora e suas tradições, Macaúbas
é um reflexo da Bahia profunda, com seu mix de influências indígenas, africanas
e europeias.
Macaúbas é um município baiano
localizando-se a uma distância de 624 quilômetros da capital
estadual, Salvador. Sua população, segundo estimativa de
2024 do IBGE,
era de 43.725 habitantes, sendo o 47º município mais
populoso do estado.
História
A região de Macaúbas foi colonizada em meados do século
XVIII e originalmente era habitada por vários povos indígenas. Durante anos, fez parte
do território de Paratinga até que, em 1832, Macaúbas foi emancipada à
vila.
Localizado entre o cerrado, caatinga e chapada, com clima
semiárido, Macaúbas é rodeada por serras, morros e
fontes. O município é servido pela rodovia estadual BA-156.
Os primeiros habitantes do território eram indígenas, de etnia ainda questionada:
alguns estudos afirmam que eram os tupinaés, enquanto outras pesquisas
determinam que o local foi povoado por tuxás,
provenientes de espaços ribeirinhos do Rio São Francisco.
De acordo com a Enciclopédia dos Municípios
Brasileiros, quando se iniciou a colonização de Macaúbas, ali existia
uma taba de
índios tuxás.
Conforme relatos históricos, a primeira penetração do
território do município deu-se com a expedição de Belchior Dias Moreia. Ele, entre 1595 e 1604,
percorreu os sertões de Sergipe e da Bahia, inclusive
chegando às nascentes do Rio
Paramirim. O historiador Basílio de Magalhães afirmou que Belchior
chegou a uma aldeia indígena de nome Tubajaras, provavelmente hoje Macaúbas.
Enquanto na segunda metade do século XVII, Antônio Guedes de Brito criou seu
grande latifúndio, a Casa da Ponte, dominando espaços onde hoje são diversos
municípios. Esse enorme espaço era dividido em fazendas, alugadas àqueles que
queriam usar a terra. As fazendas mais destacadas do atual município eram as de
Catolés, Contendas, Algodões, Saco da Errada, São José, São Joaquim, Santa
Apolônia, Tamboril, Queimadas, Jurema, Lagoa Clara, Cambaitó, Pé da Serra,
Curralinho e Quebra-Focinhos.
Em meados do século XVIII, desbravadores chegaram à região,
à procura de ouro,
mas acabaram se fixando por causa dos solos férteis, clima bom e água farta.
No século XVIII, edificou-se, na região do bairro macaubense
do Coité, uma capela em louvor a Nossa Senhora da Conceição, dentro da
Fazenda dos Catolés, pertencente à Casa da Ponte.
Na década de 1810, surgia o Arraial de Lagoa Clara, provavelmente o povoado mais antigo do município.
Em agosto de 1826, o fazendeiro Inácio Alves da
Silva cedeu um terreno para a edificação de uma igreja maior em louvor a
Nossa Senhora da Conceição, para substituir a antiga capela do Coité. Aberta a
nova igreja, ao seu redor surgiram residências, originando o Arraial do Coité
(hoje a sede de Macaúbas).
Emancipação
Então pertencente à vila de Santo Antônio do Urubu de Cima
(atual Paratinga), Macaúbas começou seu processo de emancipação por um
conflito do poder público nessa entidade administrativa.
Entre 1822 e 1823, os moradores da Vila do Urubu produziram
um ofício, solicitando um novo ouvidor, por não confiarem em quem estava
exercendo a função.
Francisco Pires de Almeida Freitas era o responsável pelo
cargo àquela altura. A desconfiança da população se dava pelo fato de Freitas
ter solicitado ao ministro do império a mudança da Justiça e Cartório de Urubu
para o local do futuro Arraial do Coité.
Para isso, a justificativa foi as febres ribeirinhas
ocorridas em Urubu e a inundação do cartório pelas águas do Rio São Francisco. No entanto, em 10 de
abril de 1823, a representação dos moradores da vila, por meio de sete
documentos, se posicionou contra a decisão do ouvidor.
Porém, a portaria de 17 de dezembro de 1823 determinou
a mudança da Justiça e Cartórios para o sítio de Macaúbas. A partir de
1823, o futuro local do Arraial passou a sediar os poderes públicos e ter
cartório e juizado próprio. Sendo assim, todos os territórios que faziam parte
da vila de Urubu, como Urubu, Bom
Jesus da Lapa e Bom Jardim, passaram a prestar contas na nova sede da
Comarca.
Vila
Por meio de Decreto Imperial de 6 de julho de 1832, o
Arraial do Coité foi emancipado de Urubu e elevado à categoria de vila. O nome
escolhido foi Macaúbas, pela abundância da palmeira macaúba, hoje em extinção no município.
O início do funcionamento de Macaúbas como vila ocorreu com
a sua instalação, em 23 de setembro de 1833. A cerimônia aconteceu na casa do
primeiro presidente da Câmara Municipal, Plácido de Souza Fagundes.
Com o crescimento do povoado, houve a necessidade de uma
paróquia para a realização de eleições, funcionamento do registro civil e a criação de
escolas. Assim, a capela de Nossa Senhora da Conceição passou a ser a Freguesia
e Paróquia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Macaúbas, promovida pela
Lei provincial nº 124, de 19 de maio de 1840.
Essa a mesma lei que desmembrou a Vila do Monte Alto de Macaúbas,
resultando em grande perda territorial. Foi primeiro vigário da Paróquia o
Padre José Florêncio da Silva Pereira.
Em 1860, ocorreu uma das piores secas no Sertão da Bahia, provocando a
migração intensa de grande parte da população. Em Macaúbas, 225 pessoas
morreram de fome.
Em 1878, com as disputas entre Porfírio Brandão e a Família
Seixas, houve à invasão da vila. Esse episódio teve grande repercussão e que,
inclusive, foi objeto de crônica do famoso escritor Machado
de Assis.
Em 1889, ocorreu a Proclamação da República. Foi o
primeiro intendente de Macaúbas o Cônego Firmino Soares, tio
de Vital Soares, nomeado pelo Governo Estadual em
exercício após a proclamação. Firmino ficou na intendência por poucos meses,
até renunciar, assumindo em seu lugar Porfírio Brandão.
Da década de 1920 ao final da década de 1940, governou
Macaúbas o Coronel Francisco Borges de Figueiredo Filho, conhecido como
Francisquinho Borges. Ele era considerado rival de José Queirós de Matos, irmão
de Horácio de Matos.
Segundo à história, houve lutas armadas entre Francisco e
José, a ponto de que, em 1923, não foi comemorada Semana
Santa em Macaúbas, por causa dos conflitos.
Cidade
Pela lei estadual nº 1761, de 10 de junho de 1925, a vila
foi elevada à categoria de cidade e distrito-sede municipal. Em 1962, os
distritos de Botuporã, Caturama e Tanque
Novo foram desmembrados para formar o novo município de Botuporã. No
mesmo ano, foi criado o município de Boquira, a
partir dos distritos macaubenses de Boquira e Bucuituba.
A partir daí, o município de Macaúbas é constituído de três
distritos: Macaúbas (sede), Canatiba e Lagoa Clara. Mais recentemente, se
tornaram distritos também Açude e Cristais (Santa Terezinha).
Economia e Setores Produtivos
A economia de Macaúbas está fortemente ligada à agricultura
e à pecuária, com destaque para a produção de leite e grãos como feijão e
milho.
Nos últimos anos, Macaúbas tem buscado diversificar sua
economia, atraindo investimentos em pequenos e médios negócios. Além disso, o
município também busca, de forma gradual, desenvolver o turismo, com ênfase em
suas tradições culturais e belezas naturais.
Cultura e Diversidade
Macaúbas é uma cidade de rica diversidade cultural, e suas
festas tradicionais, como o São João e o Ano Novo (Réveillon), são um reflexo
dessa pluralidade.
Durante o mês de junho, as festividades de São João atraem
turistas e moradores, com muitas apresentações de forró, quadrilhas e comidas
típicas.
O Réveillon, por sua vez, é marcado por celebrações de rua
com muita música e alegria, reunindo a população e criando um ambiente de
confraternização.
A cidade também preserva suas tradições religiosas e
culturais, com destaque para as festas de Nossa Senhora da Conceição, padroeira
da cidade. O evento atrai milhares de fiéis todos os anos, celebrando a fé e a
identidade local.
Educação e avanços no setor
Um dos maiores desafios da cidade é a falta de uma
universidade pública. Embora a cidade esteja buscando alternativas para
melhorar o acesso à educação superior, com a instalação de polos de
universidades e parcerias com instituições privadas.
Saúde e investimentos públicos
A cidade conta com postos de saúde, hospitais e centros de
saúde para atendimento básico e emergencial. A UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) e o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) são alguns dos
serviços que têm contribuído para a melhoria da assistência à saúde.
Apesar das melhorias, como em muitas cidades do interior,
Macaúbas ainda enfrenta desafios no tocante à cobertura de saúde de alta
complexidade.
Saneamento básico e infraestrutura
A infraestrutura de Macaúbas vem melhorando, mas ainda há
desafios a serem enfrentados, especialmente no tocante ao saneamento básico.
Após uma luta incansável da sociedade civil, o tema passou a ser pautado
pelo Poder
Público.
Assim, foi criado um projeto e o povo de Macaúbas aguarda a
concretização do Projeto para, enfim, o município ter um tratamento adequado
do esgotamento sanitário.
Segurança Pública
A cidade tem recebido investimentos em segurança, com o
aumento do efetivo policial e a construção de novas instalações para a polícia
militar e civil. As forças de segurança atuam em parceria com o município e
buscam garantir a tranquilidade da população, com operações regulares de
combate ao crime.
Perdas de território
Ao longo de sua história, Macaúbas enfrentou algumas
disputas territoriais com municípios vizinhos. Algumas de suas áreas rurais
foram incorporadas por outras cidades, como Botuporã, Riacho de Santana e Caturama, recentemente.
Feriados
Em Macaúbas há, além dos feriados nacionais e estaduais e
três pontos facultativos, dois feriados municipais, que são: dia do aniversário
da cidade (6
de julho) e dia de Nossa
Senhora da Conceição (8 de
dezembro), Padroeira da cidade.
Festejos Juninos
Macaúbas é eternizada na música do forrozeiro Edgar Mão
Branca como "Escola de São João". Sua Festa de São João, que é o
maior evento junino da sua região e está entre os maiores do estado, é muito
conhecido por suas 'quadrilhas'. Além disso, há a tradição cultural de seu povo
de acender fogueiras em frente às suas residências.
Durante os festejos desta época, a cidade de Macaúbas recebe milhares de visitantes. Pessoas de
outras cidades ou parentes que saem de diversos estados para curtir os dias de
festa em família.
Professor Ático Frota Vilas-Boas da Mota
Ático foi uma das pessoas mais conhecidas no município de
Macaúbas. Ele era pesquisador, historiador, professor, folclorista, tradutor e
linguista brasileiro. Além disso, especializado na história e cultura da Romênia
e dos ciganos.
Filho do professor José Baptista da Mota e de Aída Frota
Vilas-Boas Mota foi Doutor em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras da USP. Ático morou na Romênia, onde efetuou parte de sua formação
acadêmica e, depois, em Goiânia, onde lecionou na Universidade Federal de
Goiás. Depois do Golpe de Estado no Brasil em 1964, foi perseguido e
aposentado da universidade.
Como folclorista tem importante acervo de manifestações
culturais brasileiras, desde a literatura de cordel, gírias e expressões
idiomáticas. Além disso, à publicação de obras acerca de povos como os ciganos.
Após sua aposentadoria em 1991, instalou-se na cidade de
Macaúbas e feito um trabalho de preservação cultural e resgate, sendo o
principal mantenedor da Fundação Professor Mota.
Ático ainda foi membro da Associação Goiana de
Imprensa, da Associação Brasileira de Escritores (seção Goiás), das Comissões
goiana e baiana de Folclore. Sem esquecer que foi ainda imortal da Academia de
Letras de Brasília, onde ocupou a cadeira 7.
Em 15 de dezembro de 2004 foi eleito membro correspondente
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Membro do Instituto Geográfico
e Histórico da Bahia, da congênere de Goiás e do Rio Grande do Norte e também
do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros.
Foi Presidente da Comissão Nacional de Folclore. Membro
correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Em
2014 foi diplomado como correspondente da Academia Caetiteense de Letras.
Dentre os livros publicados pelo professor Ático Vilas-Boas
estão:
Ciganos - antologia de ensaios; Ciganos - Poemas em
Trânsito; Momentos da História dos Romenos; Romênia: Poemário
Telúrico; Rezas, Benzeduras, Etcetera; Uma Noite Tempestuosa -
(tradução) de Ion Luca Caragiale; Uma carta perdida - (tradução) de Ion
Luca Caragiale, comédia em quatro atos; Brasil e Romênia: Pontes Culturais
(a obra teve lançamento a 30 de março, na Academia Brasileira de Letras);
Filarmônica
Macaúbas conta com uma instituição cultural
importante. A Filarmônica Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Macaúbas
dedica seu trabalho à promoção da música e à formação de músicos locais.
Fundada há mais de sete décadas, a filarmônica desempenha um
papel crucial na comunidade, oferecendo aulas de música, oficinas técnicas e
apresentações públicas. Com um repertório diversificado, a filarmônica não
apenas preserva a tradição musical macaubense, mas também incentiva a
participação de jovens talentos.
Conclusão
Macaúbas, com seus 192 anos de história, continua a ser uma
cidade com grande potencial para o futuro. Embora ainda enfrente desafios como
a educação superior, a segurança pública e o saneamento básico, este é um município importante da
Bahia.
O município é um exemplo de resistência e de orgulho para os
seus habitantes, que mantêm suas tradições e sua identidade com um olhar
voltado para o futuro. Com investimentos contínuos e um comprometimento da
sociedade civil e poder público, Macaúbas segue como um símbolo de potencial de
crescimento e desenvolvimento no interior baiano.
FONTE: Portal Jesus Mac Comunicação , Blog Jovane Sales
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